Shopping center deixou de ser, há muito tempo, um empreendimento imobiliário que loca e administra espaços. Há 10 anos especialistas desafiaram os shoppings a repensarem sua própria identidade. E esta identidade está sempre em movimento.
A transformação dos shopping centers é evidente. A mudança de foco do consumo para o entretenimento, a necessidade de interdependência entre os lojistas e a administração, e a importância de uma visão mais colaborativa e comunitária são apenas alguns dos desafios e oportunidades que moldam o setor. Para garantir o sucesso dos empreendimentos, é fundamental que os shopping centers desenvolvam uma cultura de gente onde as pessoas estejam no centro das decisões. Ao se adaptarem a essa nova realidade, irão fortalecer as relações com os clientes e colaboradores, investir em experiências inovadoras, adotar práticas cada vez mais personalizadas, inclusivas e sustentáveis com base em dados para o ambiente físico e digital.
Os movimentos …
De consumo para entretenimento…
Nos últimos tempos, há uma corrida para transformar o entretenimento na estrela dos shoppings, com departamentos de marketing se esforçando para criar atrações que atendam a diversos públicos, horários e faixas etárias, sempre com um foco na diversidade e inclusão. Esses esforços têm sucesso em atrair um grande fluxo de pessoas para os empreendimentos. No entanto, muitos lojistas e suas equipes ainda parecem não aproveitar plenamente essas oportunidades, resultando em uma desconexão entre o que é oferecido e o que é aproveitado.
De independência ou dependência para interdependência e engajamento…
Existe uma falta de engajamento que talvez possa ser explicada por uma dinâmica estrutural entre lojistas e administração. O que é oferecido muitas vezes é pouco valorizado e dessa forma pode-se sempre questionar o valor do aluguel. Um jogo sem vencedor. A mudança de consciência passa por reconhecer que a atividade de cada um, a reputação de cada loja gera o sucesso coletivo do empreendimento. Essa interdependência se manifesta nas relações entre todas as áreas da administração do shopping, os lojistas, suas equipes e os clientes. Todas as áreas operacionais, que sustentam o funcionamento diário, também desempenham um papel vital nesse ecossistema.
De objetivos individuais para visão compartilhada…
Para superar esses desafios, é essencial promover proximidade, transparência e flexibilidade nas relações desde o início. Não basta apenas compartilhar o mesmo espaço físico; é necessário construir e reconstruir continuamente formas de comunicação, relacionamento, colaboração e negócios. A ressignificação de leis, regras e contratos podem facilitar a inovação e a sustentabilidade da indústria de shopping centers.
De competição para colaboração …
A colaboração é uma das maiores evoluções nos formatos de negócios atuais e precisa ser urgentemente implementada nos 639 shoppings do Brasil, que empregam mais de um milhão de pessoas, sem contar os empregos indiretos gerados por uma vasta gama de fornecedores do setor. Entre esses empregos, uma grande parte é composta por atendentes e vendedores de mais de 120 mil lojas e quiosques. Embora o trabalho no varejo muitas vezes seja visto como transitório, é fundamental que essa categoria profissional seja ressignificada e esses profissionais recebam uma formação adequada. Afinal, são eles representantes diretos das marcas e estão na linha de frente do atendimento ao cliente.
De ambiente de alto turnover para ser um polo de atração …
Um movimento necessário é o de apoiar os lojistas na busca de novas maneiras de atrair, contratar e desenvolver suas equipes. A formação de liderança é decisiva para reduzir a alta rotatividade de funcionários, comum no setor. O custo e o desgaste são gigantes.
Shopping Center é um ecossistema de gente onde pessoas atendem pessoas, portanto, cuidar, valorizar e formar pessoas é essencial para o sucesso de todos. A cultura e gestão do atendimento é disciplina obrigatória e deve estar na grade transversal para formação de todos.
Com esse reconhecimento é possível criar um círculo virtuoso onde o shopping pode oferecer, também a comunidade do entorno, cursos para o desenvolvimento profissional e os lojistas receberem candidatos pré-selecionados com uma capacitação inicial. Imaginam isso? Gente que quer aprender, conhecer mais dos universos dos shoppings e trabalhar.
Criar um ambiente que proporcione educação profissional, social, tecnológica e ambiental será cada vez mais valorizado. Todos os envolvidos — empreendedores, trabalhadores, frequentadores e consumidores serão beneficiados.
O ambiente profissional em um Shopping Center ganhará atratividade, será gerador de empregabilidade qualificada e fértil em oportunidades. Essa abordagem não só revitaliza o negócio e o setor, como contribuirá para trazer gente interessada para um mundo mais capacitado e conectado.
Da minha loja para minha comunidade…
Dados mostram que empresas que investem em desenvolver e manter relações humanas têm um potencial de lucro significativamente maior. É preciso reconhecer que é dentro de uma comunidade potente que grandes possibilidades de negócios acontecem. Não há dúvidas de que é muito mais difícil jogar sozinho. Os shoppings podem se tornar cada vez mais polos de conveniência, entretenimento, educação e serviços, oferecendo uma experiência de compra memorável para que justifique a visita de clientes tanto no ambiente físico quanto no digital. O investimento na atração e seleção de gente e na capacitação para o atendimento cria diferenciais significativos nos resultados.