A Veja, marca de tênis ecológicos, já consertou cerca de 20 mil calçados ao redor do mundo e agora está levando essa iniciativa para os Estados Unidos. Em Abril, a primeira oficina da Veja chegou ao Brooklyn, onde os preços variam de US$ 10 para reparos simples a US$ 90 para uma reforma completa do tênis.
Entrar em uma loja Veja não se parece nada com a experiência de uma oficina de reparos convencional. Em seu mais recente espaço em uma área moderna de Paris, a Veja criou um ambiente minimalista, prateleiras de madeira e muita luz natural. Tem mais, apesar de expor, a loja não vende sapatos. Em vez disso, os visitantes podem trazer seus tênis usados para consertar ou decorar, independentemente de serem da marca Veja.
A marca acredita que prolongar a vida útil dos sapatos é crucial para reduzir a pegada ambiental da marca. Além disso, a empresa espera incentivar a Geração Z e os millennials a considerarem os reparos como uma alternativa sustentável.
A trajetória da marca
Sébastian Kopp, co-fundador da Veja, compartilha a trajetória da empresa desde sua fundação em 2005. O objetivo sempre foi criar um tênis social e ambientalmente responsável. Para isso, a Veja estabeleceu parcerias diretas com agricultores que compartilham seus valores, apesar do custo mais elevado. A empresa colabora com agricultores no Brasil e no Peru para obter algodão orgânico, compra borracha de produtores na Amazônia e trabalha com fazendas e curtumes no Uruguai e no Brasil que evitam corantes e metais nocivos.
Nos últimos dez anos, Sébastian Kopp e François-Ghislain Morillion, fundadores da marca, começaram a considerar o destino dos tênis no final de sua vida útil. Encontraram uma recicladora alemã inovadora capaz de processar sapatos Veja antigos. Ao incentivar os clientes a devolverem seus sapatos, Kopp percebeu que muitos eram descartados desnecessariamente, já que a maioria das pessoas não tinha acesso a sapateiros capacitados para consertar tênis. “A coisa mais sustentável que você pode fazer é usar os tênis que já possui,” destaca Kopp.
Uma nova geração de sapateiros
Sapateiros especializados em tênis são raros. A maioria está habituada a consertar sapatos de couro e não possui as habilidades ou o equipamento necessário para lidar com tênis, especialmente com materiais como a borracha.
Foi então que em 2020, a Veja lançou uma oficina piloto em Bordeaux, na França, recrutando sapateiros com experiência em tênis para treinar outros interessados. Ao passo que os clientes podiam trazer tênis de qualquer marca para conserto. “Não sabíamos se haveria interesse,” lembra Kopp. “Mas a loja se tornou extremamente popular.” Nos últimos quatro anos, essa loja consertou 4.400 pares de tênis.
Animada com o sucesso, a Veja abriu uma oficina na prestigiada loja de departamentos Galeries Lafayette em Paris em 2021, seguida por novos sapateiros em Berlim e Madri no ano passado.
A experiência na Veja
Além de atenderam a uma demanda crescente por reparos de tênis, as lojas/ oficinas foram projetadas para serem espaços agradáveis e divertidos de visitar, eles investem na experiência do cliente.
A nova loja no Brooklyn tem um estilo descontraído e industrial, com pé direito alto, muita luz natural e paredes de tijolos aparentes. Kopp planeja usar o espaço também como galeria, exibindo obras de artistas locais. “Parte de tornar os reparos agradáveis é criar um ambiente agradável,” diz ele. “Com boa música tocando, você não se importa em esperar que seus sapatos sejam consertados.”
Ao investir em oficinas de conserto, a Veja desafia as tendências da indústria da moda. Dessa forma, o sucesso dessas oficinas mostra que os consumidores estão interessados em produtos duráveis e reparáveis. Embora a Veja não tenha como objetivo convencer outras empresas a seguir o mesmo caminho, ela busca inovar, experimentar novas ideias e inspirar outras marcas nesse sentido.
Fonte: Fast Company e imagem de capa